Quem passando o portão do Convento segue pelo terreiro que se segue chega ao Telheiro da Portaria, onde uma magnífica cruz revela segredos que não importa aqui abordar. A ladear a Cruz (que se pode ver na fotografia em baixo) duas portas dão acesso a pequenas divisões, sendo uma delas muito especial pela função que a história, ou a lenda, lhe destinou.
Já aqui havia referido que, segundo a tradição local, D.Sebastião passou nos Capuchos de Sintra um período de reclusão antes da partida para o Norte de África, onde se deram os acontecimentos de Álcacer-Quibir. Acrescento agora que, segundo me contou o antigo guarda do Convento, Frei Gaspar, a cela onde esteve encerrado (uma semana inteira, em contemplação da Santa Cruz) o Rei-Menino foi esta sobre a qual aqui escrevo.
A cela é pequena, como o são as restantes celas do Convento, mas tem uma particularidade que a tornava especialmente indicada para o propósito referido (a contemplação do símbolo da Cruz): a luz natural entra nesta cela por uma pequena janela, localizada junto ao tecto, num dos seus cantos. A orientação desta janela permite a quem nela se encerrar observar a magnífica rocha que domina a paisagem do Convento, e sobre a qual se erguia - até há alguns anos - uma pequena Cruz de pedra.
Imagine-se pois o Rei de Portugal, D. Sebastião, fechado na escuridão da cela, alimentando a alma apenas do pão espiritual servido pela Cruz daquele penedo.
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