quinta-feira, 2 de abril de 2009

Frei Tomé de Torres Vedras

Se Frei Belchior de Alderete foi vítima da Peste de 1579-1580, Frei Tomé (ou Thomé) de Torres Vedras padeceu naquela a que chamaram "Grande", e que entre 1569 e 1570 ceifou apenas na cidade de Lisboa cerca de 60.000 vidas (1).

Dois documentos referem a sua vida, mas para já tratarei apenas de um deles: o Agiológio Lusitano.

Sobre Frei Tomé se sabe que nasceu em Torres Vedras, e que em Sintra era frade franciscano arrábido. Na Serra viveu uma vida muito santa, dizendo-se que da sua boca "nunca saïo palavra ociosa". Praticava pois o silêncio na sua mais alta significação, aquela tão bem definida por Denis Labouré no seu "Alquimia Cristã": "A tradição prescreve o silêncio, mas seria errado ver aí um verdadeiro voto de silêncio. Calar-se quer dizer falar dentro de limites bem definidos. O homem deve dizer o que deve, quando o deve e a quem deve".

Por tanto de dedicar aos "apestados" da Vila de Sintra viu-se ferido por esta enfermidade, e veio a falecer no dia 27 de Janeiro de 1570.

Segundo o Agiológio Lusitano, as últimas palavras que proferiu ao Companheiro que o assistia foram as seguintes: "Meu senhor Iesu Christo, a quem servi, me fez particular favor de me apparecer crucificado, & com tam estreitos nós de amor atou minha alma com sua divindade, que nem as dores, que padeço, nem todas as do mundo me poderaõ apartar hum ponto delle".

Brevemente tratarei daquilo que sobre Frei Tomé se escreve na Crónica da Arrábida.

Notas:

(1) - "A peste, que nunca antes existira na Península Ibérica, voltou a Portugal várias vezes até ao fim do século XVII, ou seja sempre que nasciam suficientes novos hóspedes não imunes. Nenhuma foi nem remotamente tão devastadora como a primeira (1348), mas a Grande Peste de Lisboa em 1569 terá matado 600 pessoas por dia, ao todo 60000 habitantes da cidade terão sucumbido. A última grande epidemia foi em 1650" - da Wikipedia.

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