Uma das inovações que mais recentemente foi introduzida no Convento dos Capuchos foi a instalação, em toda a zona interior do corpo central da Casa, de uma mangueira com iluminação (do tipo "árvore de natal"), a qual torna mais confortável a circulação de visitantes nos seus antigos e mal iluminados corredores.
A solução já havia sido implementada anteriormente nos túneis abertos ao público na Quinta da Regaleira.
Não questiono as vantagens da instalação de iluminação artifical no interior do Convento, no que aos visitantes diz respeito. De facto, o Conventinho possui uma natureza subterrânea, críptica, que determina uma fraca iluminação natural, a qual torna a circulação menos fluída, mais insegura e o espaço menos "agradável" ao comum visitante...
O que todavia penso ter a obrigação de realçar são as desvantagens desta situação, de entre as quais se destaca um certo desvirtuamento do carácter subterrâneo anteriormente referido... É que o Convento não foi construído "terra a dentro" por mero acaso. E não é mal iluminado, interiormente, por mero acaso.
O despertar dos sentidos internos requer um apagamento dos sentidos externos, como a visão (daí o escuro) e a audição (daí o silêncio que os próprios estatutos arrábidos exigiam na clausura). Ora, ao iluminar integralmente todo o percurso interior no Convento, a tutela reduziu - naturalmente sem má intenção - a percepção e interpretação de uma característica fundamental do Convento referida em praticamente todas as crónicas e narrativas a ele dedicadas nos últimos 450 anos...
Acredito que existem alternativas à "mangueira de iluminação", igualmente eficazes e que cumprem os mesmo objectivos daquela, sem impacto directo na vivência que o visitante fará do Convento e da sua natureza subterrânea. A distribuição de pequenas lanternas (p.e. uma lanterna por cada 2 pessoas) aos visitantes parece-me a mais óbvia (creio que no passado foi uma solução experimentada... mas não tenho a certeza), embora certamente existam outras.
Fica a crítica (construtiva) e a proposta, que creio ser do interesse do espaço bem como dos seus visitantes. É que no diálogo entre ambos a luz (artifical e permanente, com "L" pequeno) não deve constituir um elemento de perturbação.
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