«Entre ocupações de soldado, conservou virtudes de religioso; era frequente em visitar os templos, grande honrador dos ministros da Igreja, compassivo e liberal com os pobres; devotíssimo da Cruz, cujo sinal adorava com inclinação profunda sem diferença de lugar, ou tempo. E tão religiosamente ardia no culto deste sinal santíssimo; que quiz mais laurar templo à sua memória, que fundar casa a sua posteridade, deixando como em piedosa benção a seu filho Dom Álvaro, que se na graça, ou justiça dos Reys achasse alguma gratidão de seus serviços, do prémio delles edificasse na Serra de Sintra hum convento de Recoletos Franciscanos, advertindo, que com a invocação da Cruz se titulasse a Casa. Dom Álvaro de Castro que das virtudes de tão pyedoso pay, foi legítimo herdeiro, ordenou a fabrica do Convento, menos grande pella magestade do edificio, que pela santidade dos varoens penitentes, que o habitaõ. Sendo a primeira vez mandado pelo Senhor Rey D.Sebastião com embaixada ao Papa Pio IV. impetrou delle privilegiar o Altar do dito Convento para todas as Missas & para o dia da Invenção da Cruz, indulgencia plenaria a todos os que rogassem polas necessidades maiores da Igreja; & advertidamente pola alma de Dom João de Castro: graça tão singular & nova, que não vimos concedida a Principes soberanos.»
Em «Vida de Dom João de Castro, Quarto Visorey da Índia», por Jacinto Freire de Andrade (1597-1657)
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